30.5.17

Moça que brilha



Resetando. Reiniciando o sistema. Postagens antigas, remetidas para a pasta rascunhos. 225 postagens, em 12 anos de blog. Pensando bem, 224 postagens. A vontade é de vida nova. Da vida antiga, pelo menos por enquanto, vai ficar só uma postagem, de 01 de julho de 2014:






Eu fiz essa postagem em julho de 2014, contando o que aconteceu com a minha escolha, após um período de seis meses sozinho que eu passei. Essa mulher chamou minha atenção, num site de relacionamentos, que eu me cadastrei depois que terminei meu relacionamento anterior, que foi em 2013. Durante mais ou menos os 3 primeiros meses de 2014, eu e essa moça trocamos piscadas pelo site de relacionamentos, mas eu não me cadastrei no acesso pago do site, porque eu não me sentia realmente pronto para conhecer alguém. 

Quando eu finalmente me considerei pronto, por volta de junho de 2014, eu entrei em contato com ela, mas ela me disse que agora ela estava num relacionamento, que ela era fiel porque era grata pelo que a vida lhe trazia e por isso, gentilmente, ela ia recusar meu convite para nos conhecermos pessoalmente, naquele momento. Eu lembro que me senti feliz por ela, especialmente pelo fato dela ter sido honesta comigo. Mas eu também lamentei a perda da oportunidade de conhecê-la fora do ambiente virtual, porque eu havia decidido ficar um tempo sozinho e quando eu fui tentar, já era tarde demais.  

Que coisa. Em 2014, eu decidi não me envolver enquanto não estivesse razoavelmente pronto. Quando me senti pronto, ela já tinha ido. Então eu fiz algo que eu acho, nunca deveríamos fazer. Eu simplesmente me deixei ser escolhido por outra pessoa, porque não queria ficar sozinho. E com essa decisão, um sentimento de “tanto faz” começou a tomar conta de mim, desde a raiz e se estendeu para tudo que dizia respeito a viver nesse mundo, exceto meu contato com minhas filhas. E esse sentimento de “tanto faz” durou dois anos, até o meio de 2016, quando toda a letargia se foi, de uma vez só, com os golpes que eu tomei, não apenas da ex namorada, mas do ex sócio também. E assim, “tanto faz” virou, de repente, “que bosta de mundo”. Mais alguns meses após essas rupturas e eu descubro coisas piores, tanto da ex namorada quanto do ex sócio. Tinha início uma depressão profunda -  até mesmo para os meus padrões – e enquanto eu me isolava do mundo, eu via pela minha janela todo um país se afundando nas mesmas crises, provocadas, basicamente, pela mesma falta de lealdade e de empatia que parece que viraram regra.  E mais uma vez, as únicas pessoas com a ingrata tarefa de me mostrar que o mundo tinha cores diferentes das que eu enxergava, eram minhas filhas, agora com 12 e 14 anos. E toca mais uma fase de depressão profunda do papai. E toca, mais uma vez, o esforço delas em me compreender e em não me abandonar, apesar do meu estado. 

Eu nunca tive muitos sonhos relacionados a ambições profissionais, em compensação, uma coisa que eu sempre quis levar dessa vida era o amor. Eu não queria só viver. Eu queria amar, amar de verdade, saber como é esse sentimento, o que ele faz com a gente, não no plano do ideal, no plano da realidade. Quando criança, eu não queria ser astronauta nem engenheiro, eu queria encontrar amor de verdade. E no momento que eu estava passando em 2016, onde quase nada havia sobrado, esse desejo também estava praticamente morto. 

Só uma luzinha ainda “piscava”, lá dentro de mim, bem escondida: Eu não havia esquecido aquela moça que eu deixei de conhecer pessoalmente em 2014, porque “eu não estava pronto”. 

Eu nunca esqueci o que eu senti nas mensagens que trocamos em 2014, nem o quanto me custou demorar a procurá-la. Então, eu não quis esperar “estar pronto” dessa vez e correr o risco de novamente levar outro fora da vida, e, pronto ou não (não), a chamei no Messenger. Era outubro de 2016, e eu descobri que uns meses antes ela também havia terminado aquele relacionamento dela. Só que, na defensiva como eu estava, depois de tudo que eu havia recém descoberto, sem estar preparado para começar um novo relacionamento, eu simplesmente não conseguia nem conversar pelo messenger. Ela se assustou, disse que eu não parecia em nada com aquele cara das mensagens de 2014. Eu continuei na defensiva e senti que havia mesmo desistido que qualquer sonho em minha vida e não dei continuidade a conversa, que durou exatos dois dias de trocas de mensagens no Messenger. Minha mente estava devastada com a falta de confiança que eu vi nas pessoas mais próximas que eu tinha. É chocante descobrir que não sabemos em absoluto quem são as pessoas que nos cercam nessa vida. O problema é que quando surge alguém que vale a pena, nós simplesmente já não sabemos mais distinguir. 

E assim, encerrada a conversa que mal se iniciou no messenger, mais um mês se passou. Pra variar, eu não a esqueci. E agora eu sabia que ela estava sozinha e eu sabia seu numero de telefone. Isso não podia acabar assim, não fazia sentido. Resolvi mandar um áudio. Ela esqueceu, ou pelo menos ela relevou toda a loucura da conversa que eu tive com ela no mês anterior pelo Messenger e nós marcamos um encontro. Era novembro de 2016 e finalmente eu ia conhecer a mulher que povoava os meus sonhos há tanto tempo e após tantos desencontros. 

E assim aconteceu. Apesar de estar profundamente ferido e sem nenhuma fé, imerso na escuridão provocada pela cortina de negatividade a minha volta, ao me deparar com essa linda mulher, essa criatura mítica, essa amazona, foi impossível não enxergar tanto brilho. Só não sendo desse mundo mesmo, alguém de coração tão aberto conseguindo aceitar em sua vida outro alguém que passou a crer que já não havia mais nada. Eu não estava mais na minha melhor forma. Eu comecei a colecionar traumas, decorrentes das rupturas que eu tive. Precisamos de coragem nessa vida, para deixar as coisas ruins ir embora. E quando elas ainda não foram embora, é ruim começar um novo relacionamento, porque outra pessoa vai se machucar. A não ser que a outra pessoa seja a moça que brilha e que, sendo a moça que brilha, ela foi capaz de ver além, ela entendeu que eu ESTOU assim, eu não SOU assim. 

Então, finalmente, eu confirmei, existe nesse mundo alguém assim, que emana luz, que tem amor de verdade dentro de si, que enxerga além da superfície. A moça que brilha ama as pessoas. Um bom exemplo disso, eu vejo hoje em dia, ela beija e abraça sua empregada de manhã. Sério, quantas pessoas a gente conhece nesse mundo que fazem isso? Se você não ama muito sua vida você não beija e abraça sua empregada toda manhã. Não, essa moça definitivamente ama a vida. Ela realiza. Ela não depende. Ela não se vitima com problemas. Ela não golpeia. Não ofende. Ela sorri, brinca e aceita, de fato, os presentes que a vida lhe traz. Ela anda com as estrelas. Sempre andou, sempre foi assim. Enquanto eu, aos 15 anos de idade tomava sopapo de bully numa escola qualquer do interior desse país, a moça que brilha e que tem a mesma idade que eu, já trabalhava como modelo de passarela no Japão, junto com sua irmã gêmea. Deus é um cara esquisito. Ele não só deu todos os atributos para essa moça, fez logo duas e provavelmente quebrou o molde. Mais esquisito ainda por ter colocado ela exatamente na minha vida. Não, dessa vez Ele acertou. 

Com todo amor que ela tem no coração, a moça que brilha me acolheu, cuidou de mim, entendeu meus traumas, meus medos, se importou com eles, se importou comigo. Com amor verdadeiro no coração, ela ficou brava comigo, por ver que eu tenho essa propensão a sempre desistir da vida. Ela não aceita isso. Ela até aceita acreditar em mim quando nem eu mesmo acredito, mas ela não aceita que eu desista. 

Estamos juntos há seis meses. Eu não me recuperei de tudo que passei ainda. Quando a gente descobre que foi traído infinitas vezes, de várias formas e por várias pessoas em quem a gente simplesmente escolheu confiar, quem vem depois é que sofre as consequências. Eu luto muito para mudar isso, mas não luto mais sozinho. A moça que brilha, ela luta ao meu lado. Ela me trouxe para dentro do seu círculo de amor. Ela me entende. Ela acredita em mim. Ela acredita em nós.

Pra quem tem fé, dizem, a vida nunca tem fim. Esse é um novo recomeço. É a partir deste ponto, que eu reinicio este blog, após 12 anos. 

Sobre bipolaridade e outras loucuras, tudo tem seu tempo, tenho muito para contar também. Esse post, no entanto, é seu, moça que brilha. E não é apenas uma menção a você. É a linha de fronteira que se rompeu, com a força do toque seu.

Sistema reiniciado. 

Fui.





Um comentário:

Anônimo disse...

Emocionada e encantada com o seu texto...lágrimas não couberam dentro de mim!!! Obrigada por nos presentear com sua bela escrita, tão verdadeira e tão cheia de emoção. Felicidades e longa vida ao casal!!!... não sabia se podia postar aqui um comentário, mas resolvi arriscar!!!